quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Tàpies. Um tributo. (1923-2012)


Antoni Tàpies, Tasse, 1979. Photo Courtesy of Michel Batlle.

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Tribute to Picasso, 1981-1983. By Tàpies.
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"Sempre m'ha impressionat aquella idea de Paul Klee, quan en el seu famós discurs al Museu d'Iena, en presentar la paràbola de l'arbre, deia que, de la mateixa manera que el tronc transmet la saba de l'arrel a les branques, l'artista també ocupa un lloc molt modest. No és un servidor sotmès, però tampoc no és un senyor absolut; és simplement un intermediari, un transmissor de la naturaleza."

La vocació i la forma, in: Tàpies, A., L'experiència de l'art, edicions 62 i "la Caixa", les millors obres de le literatura catalana, Barcelona, 1996.
"Sempre me impressionou aquela ideia de Paul Klee, quando do seu famoso discurso no Museu de Iena, ao apresentar a parábola da árvore, dizia que, da mesma maneira que o tronco transmite a seiva às ramagens, o artista também ocupa um lugar muito modesto. Não é um servidor submisso, tão-pouco um senhor absoluto; é simplesmente um intermediário, um transmissor da natureza."

Trad.LBT



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"- De fet, d'escultures, n'havia fet des de sempre. Jo mateix no en deia escultures, en deia objects o ensamblagtges d'objects. Mai he destriat entre pintura i escultura. He treballat amb la intenció de fer uns objects i, com deia al principi, imprimir en aquests objects uns poders. Un quadre, per a mi, és una escultura, per tot el seu conjunt: inclòs el mar i la part darrera de la tela. És un objecte que te'l podries aplicar a una part del cos on tens dolor i serviria per irradiar una força benèfica."

L'experiència de l'art
De uma entrevista feta per Julià Guillarmon, Cultura, maig de 1989.

- De facto, esculturas havia feito desde sempre. Eu próprio não as chamaria esculturas, diria objectos o assemblagens de objectos. Jamais distingui pintura e escultura, Trabalhei com a intenção de fazer uns objectos e, como disse ao princípio, imprimir naqueles objectos uns poderes. Um quadro, para nim, é por ele mesmo um objecto, quase se pode dizer uma escultura, por todo o seu conjunto: inclusive o caixilho e a parte detrás da tela. É um objecto que se poderia aplicar a uma zona das costas onde se tem uma dor e serviria para irradiar uma força benéfica."

Trad. LBT

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Grande matière aux papiers latéraux, 1963
technique mixte sur toile marouflée sur bois
260 x195 cm
Fundació Antoni Tàpies, Barcelone
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Antoni Tàpies (1923-2012)
Alguns apontamentos soltos e livres para um possível trabalho acerca de Tàpies
“Um quadro não é nada. É uma porta que se abre para outra porta.” Tàpies
"Trobo essencial d'afirmar que Tàpies arribà a la descoberta de la pintura matèrica mitjançant un acte intel-lectual: la reflexió, la meditació."

"Acho essencial afirmar que Tàpies chega à descoberta da pintura matérica mediante um acto intelectual: a reflexão, a meditação."

Lluís Permanyer

Permanyer, L.,Tàpies i les civilitzacions orientals, Barcelona, El Mirall - Edhasa, 1983.
A incógnita atravessa toda a obra plástica de Tàpies. Cada quadro seu sugere um ponto de chegada após uma longa viagem. Último reduto. Revelação incógnita. Mas, ao mesmo tempo, um ponto de partida. Uma porta, um muro petrificados, para lá e para cá dos quais a viagem se desdobra. Mas, estranhamente, algo conflui e diflui na própria matéria pétrea. Matéria pétrea que, por isso mesmo, é o veículo. Ou melhor, veículo e meio da viagem. Donde brota o pensamento?... Interface da matéria na sua elementaridade pétrea. Coisa que já haviam entrevisto os artistas pré-históricos do Paleolítico Superior quando gravavam, pintavam e esculpiam na pedra. Mas há também nos trabalhos de Tàpies o elemento aéreo. Precisamente em diálogo com a rocha. Por vezes a vaporosidade sobrevoa ou avizinha-se da solidez. O sólido e o gasoso, tangíveis um ao outro. E por vezes tudo parece a todo o momento poder ruir. O fogo criador, a terra, o ar e a água parecem reificar-se num estranho simulacro elementar.
Posted by lbtavares at novembro 24, 2006 12:19 PM
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"Sabata", 1995
"Sapato", 1995
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Tópicos de possíveis trabalhos sobre a obra de Tàpies.
Tàpies: a realização da matéria. O esquadrinhamento do espaço. As cesuras. O quadro como esquadrinhamento do espaço.
O espaço pictórico de Tàpies não se confina ao espaço do quadro mas remete para um requestionamento do espaço que o prolonga e que é o espaço à nossa volta. Donde a sua relação com o budismo e a respiração.
Abre-se o espaço a partir daquele espaço (o pictórico); e inaugura-se um novo espaço à nossa volta. Ou antes, um novo espaço de interioridade. Espaço este que não é da ordem do espaço confinado pelos contornos do corpo.
Pode não haver quase sempre perspectiva em Tàpies. Mas pode-se dizer que há qualquer coisa de diferente na representação do espaço na sua obra. Ela abre para a interacção do espaço «interior» e do espaço «exterior». Como se a perspectiva como modo de disposição da forma da nossa visão se transformasse na superfície do quadro que reabre desta maneira o espaço do nosso olhar num redimensionamento do lugar. Aquilo que ele define como o 'espiritual'. Vj. questão da representação.
Adorno disse qualquer coisa como: a pintura é escrita?
Vj. Tàpies: pintura, imagem e escrita.
A 'signição'.
A respiração da pedra.
Posted by lbtavares at março 1, 2006 04:15 PM
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Secretária e palha, 1970
Office desk and straw
Assemblage
Taula de despatx amb palla
Bureau et paille

Galeria Maeght, Paris


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Arte, Pintura, Tàpies
Uma certa arquitectura do espaço a partir do enquadramento da tela. Este enquadramento aberto da tela ou do suporte de madeira, confinado, todavia, a dimensões métricas determinadas (as dimensões concretas do quadro), resulta do redimensionamento da distribuição do espaço mediante a criação dinâmica de escalas.
Os elementos em criação no espaço da superfície do quadro jogam-se em virtuais escalonamentos.
Estes elementos devêm nas suas possibilidades dimensionantes. Jogam com os distanciamentos e aproximações criando possibilidades de pensar diferentemente o espaço.
Neste sentido abre-se aqui não só um outro pensamento do espaço, mas também outros espaços de pensamento.
A arte é pensamento...
Posted by lbtavares at agosto 10, 2006 06:39 PM
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O indelével como um esquema paradoxalmente etéreo: o que não se apaga enquanto quase apagado. Estes esquemas manifestam algo a vir – um futuro indeterminado – em correspondência com um passado indeterminado de uma qualquer época utópica. Estes movimentos jogam-se intensificando o sentido de devir e da vida, do ser e da dimensão espiritual.
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Earth on canvas, 1970
Terra sobre tela
Mixed media on canvas, 175x195cm
Funadació Antoni Tàpies, Barcelona
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Em Antoni Tàpies o pré-histórico e o contemporâneo cruzam-se através do ensaio do traço.

"«L'home prehistòric - son paraules de Paul Éluard -, tant com um primitiu català, un pintor egipci, tant com Leonardo da Vinci, Holbein, Vermeer, Hokusai i Utamaro, Van Gogh i Henri Rousseau ens fan saber que hi ha en nosaltres, d'ençà de sempre, les mateixes possibilitats i els mateixos poders.»
Davant aquestra rara confluència de la necessària destructió-creació de cada moment històric i tots els valors constants que sintetitza l'art, es fan difícils d'acceptar moltes interpretacions parcials de la seva evolució com a lleis fatals absolutes de la història."

(L'experiència de l'art)

"«O homem pré-histórico - são palavras de Paul Eluard -, assim como um primitivo. um catalão, um pintor egípcio, bem como Leonardo da Vinci, Holbein,Vermeer, Hokusai e Utamaru, Van Gogh e Henri Rousseau fazem-nos saber que há em nós, desde sempre, as mesmas possibilidades e os mesmos poderes.»
Perante esta rara confluência da necessária destruição-criação de cada momento histórico e todos os valores constantes que sintetiza a arte, é bem difícil aceitar muitas interpretações parciais da sua evolução como as leis fatais absolutas da história."

Trad.LBT


A grafia do espaço e do tempo
A feitura da matéria.
O mistério do tempo na obra de Tàpies. O carácter de reduto último enquanto muro ou porta selada pela matéria pictórica é decisivo nesta questão. Qualquer coisa de remoto, de longínquo num tempo já ido. Mas qualquer coisa também que se revela vindo do futuro.

Quarta-feira, 6 de Julho de 2011 em:
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Cross on grey XCVIII, 1959
Croix sur gris XCVIII

Possível título para um texto: Matéria e Movimento; a inauguração do espaço e do tempo em Tàpies.
A matéria plástica em Tàpies.
Lastro, rastro, memória, matéria e o gestual.
A inauguração do espaço da matéria e da matéria do espaço.
Réplica e imitação ou cópia. Réplica sísmica. Reflexo. Repercussões.
Posted by lbtavares at fevereiro 6, 2006 05:20 PM

A pintura de Antoni Tàpies
Antoni Tàpies trabalha no que chamarei aqui matéria da imagem. “Organizar o visível através do caos matérico.” (Luisa Soares de Oliveira in Público, 8/2/2012). De acordo, mas não só. Não é mera pintura matérica, como frequentemente se caracteriza a sua obra. Pode-se também falar de informalismo matérico na sua obra.
Porquê matéria da imagem? Não consideramos 'imagem' no contexto do figurado, do figurativo. Imagem no sentido abstracto da matéria, mas ainda como matéria.
O ‘espiritual’, a dimensão espiritual da obra de Tàpies, releva da imagem como matéria. Trata-se de uma pintura que reflecte sobre a matéria – para não falar da escultura e do desenho que não analisaremos aqui. É por isso que no processo de reflexão da matéria pela contemplação, seguindo por exemplo a longa experiência de Bodhidharma frente ao muro na tradição budista Zen - que Tàpies tanto admira - se desencadeia gradualmente uma experiência espiritual na matéria. O estar ante a matéria da imagem em Tàpies produz um efeito que nos remonta no tempo e no espaço, conferindo essa poderosa dimensão espiritual (palavra por vezes empregue em textos e entrevistas; vj. o texto "Art i espiritualitat", in Op.cit. p.243-252), sem que, precisamente, a matéria deixe de veicular essa força.
P.S. : Falta ainda analisar a imagem da matéria. Desejamos que fique para outra oportunidade.
07/02/2012 (Texto escrito nos momentos seguintes à notícia da sua morte)
Assinalar o espaço e construí-lo. Usando uma metáfora tosca e simples mas expressiva: sinais de "obras". "Obras" no sentido de obras de construção civil, como quando se assinalam mais ou menos provisoriamente, ou a título de fases do processo de construção (de uma casa, por exemplo), sinais de demarcação, de traços indicando os passos a seguir na edificação. Marcas, traços, cruzes, sinais com giz, grafite, palha, tinta negra, tinta branca, estacas, ferro, jornais e mesmo com o vermelho de um caco de tijolo na pedra, no cimento, na madeira, no tijolo, e até no solo, na terra, para as fundações e planta, etc. O esboço que se vai fazendo no próprio processo de construção. A traça que se vai traçando em que o sentido do tempo é decisivo. Projecto em acção. É daqui que emerge um sentido de Mundo, que muitas das vezes nos escapa hoje com tudo tão servido de bandeja sem darmos por isso. Não por acaso Heidegger apreciou Tàpies, este mais tarde tornando-se seu leitor atento. Daí que o presente tantas vezes se nos escape de tão imediato, acessível e instantâneo. Ao contrário, algumas das suas obras conferem uma grande força presencial. É assim que Tàpies sugere um sentimento (sim, dizemos 'sentimento'; espero que não choque...; pois Tàpies emprega este termo) de densidade do tempo e de arquitectura do espaço.
As obras de Tàpies despertam-nos para a materialidade da cor. Daí os cinzas, os castanhos da terra, os ocres, os barros e os materiais pobres em afinidade com a arte povera, etc. Materialidade da cor tão desmaterializada nos nossos dias. Basta p.ex. com o telecomando da nossa TV convertermos a imagem a cores em preto e branco. Tàpies convoca-nos para materialidade da cor que, de tão desmaterializada hoje - paradoxalmente na sua positividade - não o é.
18/02/2012






Pintura em homenagem a Tàpies.
Títulos possíveis: 1. Arquitectónica do espaçe; 2 Redutos...
Técnica mista e colagem sobre tela (cimento branco, pó de pedra, cola acrílica Vénus, tinta acrílica, madeira, verniz, água, areia de rotilo (origem vulcânica), etc; 50x70cm; 2001. Luís de Barreiros Tavares (Luís Tavares).
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"Quina gran sorpresa, per exemple, saber posteriorment que l'obra de Bodidarma, fundador del Zen, es vadir: contemplació del mur al mahayana. Que els temples Zen tenien jardins de sorra formant estries o franges semblants als solcs d'alguns dels meus quadres. Que esls orientals ja havien definit determinats elements o sentiments en l'obra d'art que inconscientment afloraven aleshores en el meu esperit: els ingredients Sabi, Wabi, Aware, Yugen... Que en la meditació búdica cerquen igualment el suport d'unes Kasinas consistents a vegades en terra col-locada en un marc, en un forat, en una paret, en matéria carbonizada...
Pot continuar anomenant-se murs tot el que he fet?"

Comunicació sobre el mur
Op.cit.,p. 138

"Que grande surpresa, por exemplo, saber posteriormente que a obra de Bodidarma, fundador do Zen, se chamava: Contemplação do muro no Mahayana. Que os templos Zen tinham jardins de areia formando estrias e faixas parecidas com os sulcos de alguns dos meus quadros. Que os orientais já tinham definido determinados elementos ou sentimentos na obra de arte que inconscientemente afloravam então no meu espírito: os ingredientes Sabi, Wabi, Aware, Yugen... Que na meditação búdica se procura igualmente o apoio de Kasinas que consistem por vezes em terra colocada numa moldura, num buraco, numa parede, ou em matéria carbonizada...
Pode-se continuar a chamar muros a tudo aquilo que fiz?"

Tradução por Artur Guerra. Tàpies, A. , A Prática da Arte, Lisboa, Cotovia, 2002.




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Cortesia Youtube:




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"Si per a un occidental la idea d'adquirir coneixements, i per tant tots els valors que se'n deriven, té molt a veure amb esperit de lluita, amb la conquesta de la Naturalesa, amb l'acumulació d'estudis, d'enriquiment tant espiritual com material, i que sovint fins té necessitat de pactar amb el poder, per a un adepte del mahayana, ben al contrari, s'enllaça amb la idea d'innocència, d'ignorància e de pobresa. Per a ell «la virtut fonamental és la pobresa..., des del punt de vista ontològic perquè correspond a la Vacuïtat, i des del psicològic, a l'asència de l'ego i a la Innocència», altre pilar de la seva veritat."

Texto: La pintura i el buit, in Op. cit., p.208.
"Si para un occidental la idea de adquirir conocimientos, y por tanto todos los valores que de ellos se deducen, tiene mucho que ver con un espírito de lucha, con la conquista de la Naturaleza, con la acumulación de estudios, de enriquecimiento tanto espiritual como material, teniendo en ocasiones la necesidad de pactar con el poder, para un adepto del Mahayana, por el contrário, se enlaza con la idea de inocencia, ignorancia y pobreza. Para él "la virtud fundamental es la pobreza..., desde el punto de vista ontológico porque corresponde a la Vacuidad, y desde el psicológico a la ausencia del ego y a la Inocencia", el otro pilar de su verdad."

La pintura y el vacío. Tradução do catalão para castelhano por Javier Rubio Navarro em Tàpies, A., La Realidad como Arte, por un arte moderno y progresista, Colección de Arquilectura, Murcia, 1989.

"Se para um ocidental a ideia de adquirir conhecimentos, e, portanto, todos os valores que deles se deduzem, tem muito que ver com um espírito de luta, com a conquista da Natureza, com a acumulação de estudos, de enriquecimento tanto espiritual como material, tendo por vezes a necessidade de pactuar com o poder, para o adepto do Mahayana, pelo contrário, ganha afinidades com a ideia de inocência, ignorância e pobreza. Para ele "a virtude fundamental é a pobreza..., do ponto de vista ontológico, pois corresponde à Vacuidade, e do ponto de vista psicológico à ausência de ego e à Inocência", o outro pilar da verdade."

A pintura e o vazio. Trad. L.B.T.




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Cortesia Youtube:

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El cas Shiraga
"L’actitud de Shiraga davant la pintura s’há d’incloure en aquella sàvia tradició dels mestres zen que amb la seva lògica de la contradicció, les seves paradoxes, el seu humor, les seves reaccions inesperades, els seus koans…, cerque aclaparar els deixebles per provocar en ells un desvetllament sobtat. Voleu més provocació i desig de portar la contrària, en el camp de l’art, que pintar amb els peus? Entre el comú dels homes, quan un quadre se suposa mal pintat es diu que sembla fet amb els peus. D’entrada, doncs, Shiraga ens proposa com a art allò que els hàbits mentals consideren un defect."
L’art japonês i el culte de la «imperfecció»; El cas Shiraga, in : Tàpies, A., Valor de l’art, , Editorial Empúris, Fundació Antoni Tàpies Barcelona, 1993.
"A atitude de Shiraga ante a pintura há-de incluir-se naquela sábia tradição dos mestres zen que, com a sua lógica da contradição, os seus paradoxos, o seu humor, as suas reacções inesperadas, os seus koans…, procura arrebatar os discípulos provocando neles um desvelamento súbito. Quer-se maior provocação e ensejo de lograr pelo contrário, no campo da arte, que pintar com os pés? Entre o comum dos homens, quando um quadro se supõe mal pintado quer dizer que parece feito com os pés. Evidente, pois, que Shiraga nos propõe com a arte aquilo que os hábitos mentais consideram um defeito."
Trad. LBT


"J'etais loin d'imaginer que des années plus tard, Heidegger, que je ne connaissais en rien, m'enverrait quelques lignes pour me féliciter d'une de mes oeuvres qu'il avait vu en Suisse! J'avais également l'impression que Heidegger sortait d'une tradition romantique, alimentée aux sources de la philosophie orientale, ce qui s'accordait parfaitement à mes goûts."
(Catalogue du Jeu de Paume)




Cortesia Youtube:

"Daniel Abadie: La peinture chinoise a eu une grande influence sur votre conception de l'art et, cependant, elle est à l'opposé de votre travail. Elle est la négation de cette matière qui vous importe puisque, finalement, le rouleau sur lequel l'encre se déploie a tellement peu de matérialité qu'il peut se réduire à un petit volume cylindrique. N'est-ce pas paradoxal de s'intéresser à ce qui vous est le plus opposé?

Antoni Tàpies: C'est une espèce de paradoxe, oui, mais on dit aussi que les extrêmes se touchent. C'est une question curieuse que je ne me suis jamais posée. De toute façon, il faut penser que je faisais alterner dans mon travail des tableaux avec beaucoup d'épaisseur, et des oeuvres sur papier très légères. Ce jeu a toujours existé. Il faut aussi se souvenir que, dans un tableau très en relief, avec beaucoup de matère, il ya une chose très subtile qui joue, ce sont les ombres. Mes reliefs sont comme un jeu d'ombre. Cela se raproche un peu plus de l'Orient, et peut-être aussi de l'Égypte dont les bas-reliefs étaient également un jeu d'ombre. À travers des choses trés diverses qui semblent antagonistes, on peutparfois suggérer l'unité de l'univers."
in Catalogue du Jeu de Paume

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"Com es dedueix de l'I-King, el famós llibre de les transformacions, Taikyoku [l'univers èter o la natura íntima] es manifest perquè és una unitat polaritzada: un pol carregat d'energia yang (constructiva, pesant, centrípeta, calòrica...) i l'altre pol, d'energia yin (dilatadora, freda, ascendent...), dos pols en constant oposició dinàmica que donen lloc a les infinites transformacions que creen l'Univers. Ho expressa la suprema dita que tant agradava a Lao-Tsé: l'u produeix el dos, el dos produeix el tres, el tres és la manifestació de tots els éssers possibles.
No es tracta, doncs, d'un dualisme ordinari, perquè tots els éssers i tots els fenòmens partcipen, en proporcions variades, de les dues energies."
(L'eperiència de l'art)


Luís de Barreiros Tavares



Bibliografia:
Tàpies, A., L'experiència de l'art, edicions 62, les millors obres de le literatura catalana, Barcelona, 1996.
Tàpies, A.,
La Realidad como Arte, por un arte moderno y progresista, Colección de Arquilectura, Murcia, 1989.
Tàpies, A., Valor de l’art, , Editorial Empúris, Fundació Antoni Tàpies Barcelona, 1993.
Tàpies, A. ,
A Prática da Arte, Lisboa, Cotovia, 2002.
Permanyer, L., Tàpies i les civilitzacions orientals, Barcelona, El Mirall - Edhasa, 1983.

Monografia:
Franzke, A., Tàpies, Munich Prestel-Verlag, 1992 (of the english edition).

Catálogo:

Jeu de Paume, Galerie Nationale, Tàpies, 1994.

Dicionários:
Diccionari manual, Català - Castellà, Castellà - Català; Ed. Diccionaris Aimany, 1986, (Presentació per A. M. Badia i Margarit).
Dicionário Português - Espanhol, Porto Editora, 1999.
Dicionário Espanhol - Português, Porto Editora, 1983.



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