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Livre de l'Intranquillité
Em Lisboa - Palácio dos Marqueses de Fronteira - 1998.
12 juin 1998 820 vues
A propos de Pessoa.
Eduardo LOURENÇO, auteur de plusieurs livres et articles sur "Fernando PESSOA" explique l'importance de cet écrivain qui est tombé comme une étoile sur sa génération. Il a façonné l'imaginaire portugais notamment à travers ses évocations de la ville de Lisbonne et la vie quotidienne. Ilustration par un portrait peint de PESSOA .
• Emission
• Bouillon de culture
• Production
• producteur ou co-producteur
France 2
• Générique
• réalisateur
Michel Hermant
• producteur
Bernard Pivot
• participant
Eduardo Lourenco
mots clés
Portugal Pessoa Fernando
sábado, 22 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Anotações várias - 1
"Não somos nós que falamos, mas a fala (sprache) que nos fala"
Heidegger
1. E se o falar fosse, antes de mais, ouvir?
2. Se procuramos o que está antes (por exemplo, o princípio), porém, já o pomos depois.
3. Primeiro ouvimos a fala. É o caso da nossa aprendizagem da fala, quando crianças. Assim, primeiro ela começa a falar em nós. Por isso, falar é, antes de mais, ouvir.
4. Mas depois, quando já falamos? Não será que o ouvir continua antes?
5. Ou ouvir e falar também já são outros?
6. E escutar não será fusão de ouvir e falar? Escutar é ouvir com atenção, como alguém disse.
7. Pode-se, no entanto, continuar a considerar o ouvir e o falar, cada um, de cada vez, enquanto tal.
8. Todavia, já de um outro modo que não o anterior regime do binómio ouvir / falar.
9. Retomando a epígrafe de Heidegger: "Não somos nós que falamos, mas a fala (sprache) que nos fala." Diríamos ainda que, ao falarmos, ouvimos, ou melhor, escutamos a fala.
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10. Estamos sempre a querer sair daqui (do presente - no tempo, implicando também o lugar). Porquê? Porque o estar aqui, enquanto tal, implica, por seu turno, o não estar aqui num momento ou num dia qualquer a vir. Precisamente com a morte. Por isso, o nosso estar aqui é um estar como se não se estivesse. Ou um estar a meio-termo, a meio-gás. É por isso que importa reforçar o estar aqui, mediante a palavra que reitera. A palavra, a linguagem que permite a constatividade realizadora. Um desdobramento da linguagem. Mas também avivar o retiro, o daquele "sair daqui", para que, esse mesmo movimento de retiro, nessa condição de recuo desdobrado, garanta um avanço em tensão vital.
Mas, mais originariamente, e noutra compreensão, poderemos evocar o exemplo do Buda quando na "contemplação do corpo" (kâyânupassanâ) e na "atenção à respiração" (ânâpânasatti), é indicado: "[o monje] ao fazer uma aspiração longa, sabe: "Faço uma aspiração longa"; ao fazer uma expiração longa, sabe: Faço uma expiração longa"; etc. etc.(Nyânatiloka Mahâthera, La Palabra del Buda, Barcelona, Indigo, 1991, p.78).
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Sophia de Mello Breyner Andresen - "Contos Exemplares" e "Navegações" - 1988
"Contos Exemplares" e "Navegações"
Emissão Apos' - Bernard Pivot entrevista Sophia de Mello Breyner Andresen - INA.
Autores e nomes mencionados: Camões, Dom Sebastião, Cesário Verde, Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, Mário Cesariny, Miguel Torga, Jorge de Sena, João Cabral de Melo Neto, Vergílio Ferreira, Ruy Cinatti, Craveirinha, Vitorino Nemésio, Almeida Faria
Dois poemas de Navegações:
(As Ilhas)
À luz do aparecer a madrugada
Iluminava o côncavo de ausentes
Velas a demandar estas paragens
Aqui desceram as âncoras escuras
Daqueles que vieram procurando
O rosto real de todas as figuras
E ousaram - aventura a mais incrível -
Viver a inteireza do possível
1977
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Navegavam sem o mapa que faziam
(Atrás deixando conluios e conversas
Intrigas surdas de bordéis e paços)
Os homens sábios tinham concluído
Que só podia haver o já sabido:
Para a frente era só o inavegável
Sob o clamor de um sol inabitável
Indecifrada escrita de outros astros
No silêncio das zonas nebulosas
Trémula a bússola tacteava espaços
Depois surgiram as costas luminosas
Silêncios e palmares frescor ardente
E o brilho do visível frente a frente
1979
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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Breve tributo a Miró - um texto escrito em 2006 - mas agora vem a propósito
A arte de Miró
Em Miró há uma ontologia dos sinais e dos signos. Nos seus quadros, os sinais são seres e estes seres estão repletos de sinaléticas. A palavra «ontologia» não está aqui com o peso do sentido filosófico. Mas no sentido duma onticidade pictórica. E, ao mesmo tempo há um lógos desses signos e desses seres. Os seres são sígnicos. A par da intensidade anímica dos signos e sinais há uma onticidade. Eles são. A maravilha daquelas linhas e cores terem graça - no sentido de estarem animadas - e serem. Estão vivos e portanto são. Há significação dos seres a par da sua sinalese. Assim a ontologia pictórica de Miró resulta deste duplo aspecto: a sinalese dos seres em interacção com a coisidade (onticidade) dos signos. Duplo aspecto estilhaçado em múltiplos: Nas constelações (que até deram nome a uma série de obras). A obra de Miró é um hino à vida. Tem o calor que muita arte de hoje já não tem.
18/12/2006
Imagem: pintura da série "Constelações"
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