quarta-feira, 15 de outubro de 2014

“Escrever, descrever e sensações em Álvaro de Campos” - Luís Tavares - Texto publicado na Revista Nova Águia, nº14 -



                       



Luís Tavares, “Escrever, descrever e sensações em Álvaro de Campos”, in Revista Nova Águia, nº14, 2º semestre, 2014, pp. 152-159, Zéfiro.


       


“[…] Aproveitar o tempo!
Desde que comecei a escrever passaram cinco minutos.
Aproveitei-os ou não?
Se não sei se os aproveitei, que saberei de outros minutos? […]” (“Apostila”, Álvaro de Campos)

“Depois de escrever, leio… / Porque escrevi isto? / Onde fui buscar isto? / De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu… / Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta / Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?…” (Álvaro de Campos)

1. Este estudo analisa e dá seguimento a algumas questões da escrita e do sensacionismo na obra de Pessoa abordadas em dois textos publicados nos números 8 e 13 da Revista Nova Águia, bem como num outro texto, sobre o heterónimo Álvaro de Campos, lido numa comunicação no Colóquio “Pessoa - Cem anos de heterónimos”[1]. Não se trata aqui de fazer uma fenomenologia da escrita e da descrição pessoanas. Seria uma tarefa mais demorada. Talvez um esboço para um trabalho futuro. Tenta-se também articular com estas questões algumas outras dizendo respeito ao nosso tempo, indagando do modo como Pessoa nos interpela a vários títulos. Nos planos literário, social, comportando a vida e o imaginário nos nossos dias, a par, numa breve abordagem, da influência dos media, dos mercados, das novas tecnologias e dos ecrãs. Abrindo-se assim um campo potencialmente filosófico, sociológico, porventura político e de pensamento no cruzamento destas vertentes. Não por acaso, Alain Badiou emprega a noção de “pensamento-poema” no início do seu texto “Uma Tarefa Filosófica: Ser Contemporâneo de Pessoa”: “Pessoa, falecido em 1935, só foi conhecido em França, de forma um pouco mais vasta, cinquenta anos mais tarde. Eu incluo-me nesta demora escandalosa. Porque se trata dum dos poetas decisivos deste século e, particularmente, se se procurar pensá-lo como condição possível da filosofia.” Na página seguinte: “Impõe-se, assim concluir que a filosofia não está, não está ainda, condicionada a Pessoa. Ela não pensa ainda à altura de Pessoa.” E ainda: “Sustentaremos que a linha de pensamento singular desenvolvida por Pessoa é tal, que nenhuma das figuras estabelecidas da modernidade filosófica está apta a suportar a sua tensão” (Meditações Filosóficas – Pequeno Manual de Inestética, Vol. II).
2. Retomando Álvaro de Campos, eis uns versos onde se inscreve um singular efeito de vaivém entre escrever e descrever: “A pena em que pego, a letra que escrevo, o papel em que escrevo, / […] / E eu escrevo, estou escrevendo por uma necessidade sem nada.” Esquematizando, poderemos encontrar, como ponto de partida três instâncias, dimensões, planos, graus, esferas ou escalas de escrita nesta passagem. Optamos por agora pelo termo ‘instância’. 1ª instância: a materialidade e corporalidade, pura ou em bruto do escrever; ou seja, passo a citar: “A pena em que pego, a letra que escrevo, o papel em que escrevo”[2]; 2ª instância: a dimensão do acto de escrita: “E eu escrevo, estou escrevendo”; 3ª instância: a dimensão da descrição, de um estado de coisas, reportando-se habitualmente ao que é da ordem, do dizer, do conteúdo poético ou literário; cito: “estou escrevendo por uma necessidade sem nada”. Ora, Campos escreve que está a escrever (“escrevo”), e descreve o estar a escrever (“estou escrevendo”). Não se trata somente de meta-poesia ou de metapoema. Trata-se talvez de repensar a questão do antes e depois da escrita e do texto, e o fora e dentro da escrita e do texto[3]. Repensando também a relação vida e literatura que Pessoa tanto pensou. Claro que é no escriturário ou guarda-livros Bernardo Soares que verificamos mais este trabalho sobre a escrita enquanto tal, um “laboratório poético” (José Gil, Fernando Pessoa ou a Metafísica das Sensações), ou ainda, nesta linha, “uma escrita sobre escrita”, ou um “laboratório de escrita” segundo a expressão de Maria Augusta Babo em A Escrita do Livro. Mas este processo estende-se aos heterónimos e ortónimo, nomeadamente a Álvaro de Campos – que abordamos nestes estudo - e a Pessoa ele próprio. No entanto, há um ponto que me parece importante na escrita poética de Pessoa. Para não ir mais longe, por agora, diria que é a função de escriturário profissional de Pessoa que entra em jogo, num jogo de distâncias e proximidades com a sua escrita. Daí também o estranho e inovador aspecto descritivo que se desenrola nos seus textos, tanto em prosa como em verso, sugerindo uma certa secura e falta de musicalidade, motivo que talvez tenha levado Teixeira de Pascoaes a não o ter compreendido como pleno poeta[4]. Numa entrevista que realizámos com Eduardo Lourenço, a dado passo é dito o seguinte: “ Uma das primeiras coisas que me aconteceram foi ficar muito indignado com uma frase numa entrevista ao Pascoaes, onde a dada altura lhe perguntaram: “o que é que pensa do poeta Fernando Pessoa?” E ele respondeu: “mas ele não é poeta.” Não é poeta? Eu fiquei muito indignadíssimo. Mas sei o que ele queria dizer com aquilo.” “[…] Só mais tarde é que eu recuperei para mim o Pascoaes, que considero um dos maiores poetas portugueses de sempre”[5].
3. O que tentamos mostrar neste breve texto é o modo como o dispositivo ‘escrita’, em Campos, põe em jogo estas três instâncias transformando-as. Como é que Campos as põe em jogo e as transforma? Fazendo-as interagir, instalando assim outra dimensão poética. Assim, as três instâncias entram em ressonância entre si, reabrindo, deste modo, um espaço ao imaginário e ao sonho. O trânsito destas três instâncias abre para um fora, para um exterior de que tanto nos fala Fernando Pessoa. No entanto a interioridade não é excluída pelo poeta, antes pelo contrário. É por isso que Álvaro de Campos nos fala da entrada na “substância do mundo”: “Tenho desejo forte, e o meu desejo, porque é forte, entra na substância do mundo”. Paradoxalmente, a “substância do mundo” é um certo dentro mas ao mesmo tempo um fora no qual se entra e se é lançado[6]. Ela sugere qualquer coisa de atmosférico. Paradoxalidade extraordinária subvertendo os sentidos de exterioridade e de interioridade, de dentro e de fora, de saída e de entrada. A dimensão literária ganha assim, através de Pessoa e, neste caso, de Álvaro de Campos, uma densidade que falta a muita da literatura e poesia actuais.
4. Ora, estes tempos de escrita, estas gradações temporais de escrita ou da linguagem em Álvaro de Campos, que poderão multiplicar-se e cruzar-se entre si, estruturam-se num certo desfasamento de tempos e do tempo. Este desfasamento, resultante dos vários estratos ou momentos inscritos no processo de escrita, permite, por assim dizer, uma relação de distâncias, tanto no trabalho de escrita como no de leitura, quer dizer, tanto no escritor, como no leitor. Todavia, é através desse desfasamento que Pessoa e neste caso Álvaro de Campos viveu o seu tempo. Precisamente, um certo desfasamento caracteriza-se, segundo Giorgio Agamben, pelo ser contemporâneo, no seu breve e interessante texto “O que é o contemporâneo?”: “A contemporaneidade é pois uma singular relação com o seu próprio tempo, ao qual se adere tomando contudo suas distâncias, ela [a contemporaneidade] é precisamente a relação ao tempo que a ele adere pela desfasagem e o anacronismo” (p.11)[7]. Ora, nos nossos dias, com o imediatismo, a instantaneidade, a aceleração instalada e a velocidade – estranha contradição de presença e ausência – corremos o risco de não viver, em grande parte, o nosso tempo[8]. Não por desfasamento, mas, precisamente por não o pormos em jogo. E a maioria da literatura e da poesia actuais, do nosso ponto de vista, corre também esses riscos, de tão aderente, de tão coincidente, sem desfasagem e anacronismo, de tão demasiadamente facilitada. É que, ser coincidente com seu tempo, no sentido de ser actualizado, não é ser contemporâneo, na perspectiva ainda de Agamben: “Aquele que pertence verdadeiramente ao seu tempo, o verdadeiro contemporâneo, é aquele que não coincide perfeitamente com ele nem adere às suas pretensões, e define-se, neste sentido, como inactual; mas, precisamente por esta razão, precisamente por este intervalo e este anacronismo, ele está mais apto do que os outros a perceber e a atingir o seu tempo” (op.cit., pp. 9-10).
5. É raro haver um espaço e um tempo de gestação para o imaginário literário. Hoje, quase toda a literatura funciona ao ritmo dos seus próprios mercados, como produto já de um certo marketing e indústria numa aceleração correspondente aos mediatismos em torno dela, inevitavelmente contaminados pelo excesso e pela facilidade das imagens, das luzes dos media e das novas tecnologias. Por outro lado, produz-se uma espécie de imaginário exclusivo dessa omnipresença dos ecrãs, como uma certa mercadoria de usar e deitar fora, descartável, por tudo quanto é tempo e lugar. Veja-se por exemplo certo tipo de cinema de hoje, para não falar das nossas ligações, hoje, com as redes sociais, com a televisão, computadores, telemóveis e afins, etc. Nesse cinema, já estamos a ser levados, embalados por essa sucessão e substituição ininterrupta de imagens, impedindo-nos precisamente de imaginar. Mas imaginar não é só produzir imagens; é potenciar atmosferas, climas, ambiências e, por assim dizer, envolvências. Pelo contrário, os sonhos que desse modo nos são servidos de “bandeja” privam-nos precisamente dessa potenciação de vivências e de uma certa envolvência literária na vida. Por outras palavras, aquela profusão de imagens priva-nos de entrar numa certa dimensão na qual podemos ser activos produzindo vivências também por nós próprios. Dir-se-ia que falta um certo imaginário atmosférico, um imaginário que se respire e uma espécie de “escrita da terra”… Com efeito, literariamente, mas também real e imaginariamente, aquelas várias ou múltiplas instâncias que referimos há pouco, sendo tempos de escrita, ou estratos de tempo através do trabalho da escrita, em Álvaro de Campos, são condições de possibilidade de uma certa reconstituição do próprio presente enquanto tal. Elas permitem uma reconstituição não meramente imagética mas de estados-de-espírito, de estados-de-coisas e de uma densidade literária. Isto não é uma crítica da técnica. Este texto foi praticamente todo escrito no computador. É uma tentativa de compreender alguns dos muitos modos possíveis pelos quais não nos damos conta de como a técnica se dá como controlo. Muita tinta já correu e poderá ainda correr acerca das implicações sociais, filosóficas, ecológicas e políticas destas questões.

6. É interessante a intuição de Campos quando escreve há quase cem anos, embora noutros contextos: “Eu o abstracto, o projectado no écran.” E também: “De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas / A que chamamos mundo? / A cinematografia das horas representadas / Por actores de convenções e poses determinadas, / O circo polícromo do nosso dinamismo sem fim? (…)”. Mas imaginar não é só produzir imagens; é potenciar atmosferas, climas, ambiências e, por assim dizer, envolvências, estados de espírito e estados de coisas.
Citemos de novo uma passagem de Agamben no mesmo texto: “Só pode dizer-se contemporâneo aquele que não se deixa cegar pelas luzes do século e consegue alcançar nelas a parte de sombra, a sua sombria intimidade” (idem, p. 21). Talvez se aproxime desta análise o que Eduardo Lourenço chama, em Pessoa Revisitado, o “Tempo nocturno” de Álvaro de Campos. Campos consegue assim recuar e /ou avançar no seu próprio tempo mediante estes deslocamentos no processo de escrita. Ou então abre caminho a uma reflexão sobre o tempo. Mas é assim que ele adensa o tempo de vivência, permitindo uma forte intensidade do presente, enquanto devir-escrita. Citemos os versos finais do extraordinário poema Tabacaria de Álvaro de Campos: “[…] (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira / Talvez fosse feliz.) / Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela. / O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). / Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica. / (O Dono da Tabacaria chegou à porta.) / Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. / Acenou-me adeus, gritei-lhe adeus ó Esteves!, e o universo / Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu. “ Este passo é bem elucidativo sobre o tempo em Campos. O aceno do Esteves e o sorriso do Dono da Tabacaria são gestos que se repetem de alguma maneira desde há muito tempo, e gestos que irão repetir-se. Gestos banais que se descrevem naqueles versos. Como é que eles têm tanta força poética? Pelo facto de estes gestos, na sua banalidade mundana, remeterem virtualmente para um passado e virtualmente para um futuro, que faz com que aquele aceno e aquele sorriso, naquele momento, ganhem uma presencialidade e, ao mesmo tempo, uma intensidade próprias da vida que decorre na cidade de Lisboa. Quanta gente já acenou e sorriu ao longo dos tempos? E quanta gente virá a acenar e a sorrir nos tempos vindouros? Em vez de se viverem esses momentos no seu aparente imediatismo, do que se passa naquele momento, numa primeira e única instância banal, embora isso seja importante, Campos faz desses momentos – numa segunda instância ou mais, naqueles estratos ou instâncias de escrita inscritos no poema – qualquer coisa, por um lado, já de remoto, e, por outro, a vir, que vem. São momentos banais de gente simples e mundana: o Esteves sem metafísica que acena e o Dono da Tabacaria que, eventualmente, vai à porta e sorri com a vida que passa. São esses momentos banais, dizíamos, que se tornam poéticos. Porque de súbito se tornam essenciais, bem como o Esteves e o Dono da Tabacaria. E na potencial distância como gestos que já aconteceram milhares de vezes, e irão acontecer, esses mesmos gestos, naquele momento, ganham a intensidade que não teriam se fossem vistos no seu mero imediatismo presente que, só por si, se pode tornar ausente. Com efeito, eles são já vistos no seu imediatismo, mas também em segunda, terceira instâncias, etc., precisamente, as da escrita bem como da voz ou vozes que com essas instâncias ressoam. E não foi preciso referir a escrita naqueles versos. Todavia, não é por acaso que Campos, nuns versos antes, lhe faz alusão potenciando-a de modo complexo em todo o poema: “Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?), / E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. / Semiergo-me enérgico, convencido, humano, / E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. / Acendo o cigarro ao pensar em escrevê-los.”

7. Por outro lado, o fascínio modernista e sensacionista de Campos pelas máquinas e as luzes é um fascínio de constatação e de acompanhamento das coisas que o rodeiam enquanto decorrem e que passam por ele. Veja-se o seu primeiro poema, Ode Triunfal, escrito à máquina, precisamente no dia 8 de Março de 1914, faz hoje precisamente 100 anos. Ode Triunfal, Guardador de Rebanhos do Mestre Caeiro, escrito em papel numa cómoda alta, e Chuva Oblíqua de Pessoa ortónimo, todos escritos nesse dia, bem como a maturação heteronímica de Ricardo Reis. Como se sabe, este processo heteronímico decorreu durante mais tempo do que apenas aquele dia. Na arca de Pessoa encontraram-se muitos rascunhos daqueles poemas com datas anteriores e posteriores a 8 de Março. Contudo, essa data deve ter tido algum significado especial para o poeta. Encontramos a descrição deste processo de escrita com mais detalhes na célebre carta de Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, onde, com efeito, o dia 8 de Março de 1914 é mencionado como o célebre “Dia Triunfal”.
Citemos então os primeiros versos da Ode Triunfal: “À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica / Tenho febre e escrevo. / Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, / Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.” O escrever rangendo os dentes, aspecto corporal, pode sugerir um paralelismo com o ruído das teclas da máquina de escrever e o ruído do seu funcionamento enquanto maquinismo. Por outro lado, partindo daí, Campos opera a passagem e a entrada – mas não será ele próprio que passa? – para o amplo espaço da fábrica, mantendo a ponte com o acto de escrever enquanto tal ( o da 2ª instância: “escrevo”), em articulação com os ‘r’ da engrenagem industrial das máquinas (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno”). Há uma relação entre as sonoridades de “Escrevo rangendo os dentes” e a repetição dos ‘r’ das máquinas. Assim, dá-se um salto do plano da materialidade e corporalidade do escrever da 1º instância de escrita (o ranger dos dentes e o ruído da máquina de escrever) para o plano da descrição envolvente e exterior das máquinas da fábrica (3ªinstância), com, pelo meio, a instância do escrever, do acto de escrita enquanto tal (“escrevo”) da 2ª instância. Eis que um antes da escrita (uma pré-escrita?), que também a 1ª instância configura enquanto materialidade e corporalidade da mesma, se permuta com um depois da escrita (uma pós-escrita?) que também a 3ª instância configura enquanto descrição, quer dizer, enquanto o que emerge da escrita como dimensão imaginária, (a atmosfera da fábrica). Isto a partir da 2ª instância (“escrevo”) que desdobra aquela permuta entre as outras duas, permitindo a circulação da 1ª para a terceira e vice-versa[9]. Por outro lado, o efeito de transformação e transmutação das três instâncias a partir da sua intercomunicação, é o que abre para um dentro que é também um fora e que constitui o tempo e o espaço poéticos de Álvaro de Campos e mais latamente de Pessoa, dos restantes heterónimos e do semi-heterónimo. Eis que entramos numa espécie de labirinto. Mas não será a própria fábrica um grande labirinto? Por outro lado, até que ponto as múltiplas instâncias da escrita não terão a ver com a génese heteronímica? É uma questão que deixamos em aberto.

8. De outro modo, e sem nos podermos alargar nesta leitura, digamos ainda que há uma proximidade ou analogia entre a escrita e as sensações. Entre as sensações, por exemplo, do “escrevo rangendo os dentes” e o escrever inscrevendo letras, palavras e frases, mas também o teclar da máquina. Quer dizer, pode-se falar da relação das sensações corporais com as sensações da escrita material, precisamente, as sensações do contacto e dos sons das teclas da máquina, escrevendo. Partindo desta primeira articulação escrita/sensações pode encontrar-se uma outra. É a da relação entre a escrita da descrição da fábrica e as sensações, através das engrenagens, do seu ruído e das grandes lâmpadas eléctricas, onde Campos tem febre e escreve. Há, portanto, uma proximidade entre os planos e/ou as gradações da escrita e os planos e/ou as gradações das sensações. Por isso, na leitura, quando já nos deslocamos no plano das escritas, já nos deslocamos no plano das sensações.
Ainda que Álvaro de Campos seja como que arrebatado pelo mundo moderno e futurista das máquinas, ele não deixa de fruir esse mundo como uma envolvência que ele próprio presencia. Digamos, num estofo de sensações. Como se as sensações fossem múltiplas bolhas de oxigénio vitais e variadas. Em Campos, diríamos que a sensação reenvia para uma espécie de amplidão atmosférica e climática. Qualquer coisa como uma insuflação, em aberto, espácio-temporal enquanto habitação do mundo.[10] O sensacionismo em Campos e Caeiro confere um espaço e um tempo, sem perder de vista o processo de escrita. Onde a voz e as vozes ressoam no poema, para além dele e através dele, como na fábrica e nos grandes espaços, por exemplo os da Ode Marítima, ou do belíssimo poema sobre Sintra que começa assim: “Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra, / Ao luar e ao sonho, na estrada deserta, / Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco / me parece, ou me forço um pouco para que me pareça (…).” Dir-se-ia haver constatação das próprias sensações enquanto tais, mas enquanto sensações sucedendo-se; sendo esta constatação correlativa da consciência e um ponto de partida para o que Pessoa designa “ as sensações do abstracto”.
Porque falamos de constatação e da sua relação com “as sensações do abstracto”? Leia-se uma passagem de um texto de Pessoa intitulado “Princípios do Sensacionismo” em Páginas de Literatura e Estética: “O sensacionismo afirma, primeiro, o princípio da primordialidade da sensação – que a sensação é a única realidade para nós. Partindo de aí, o sensacionismo nota as duas espécies de sensações que podemos ter – as sensações aparentemente vindas do exterior, e as sensações aparentemente vindas do interior. E constata que há uma terceira ordem de sensações resultantes do trabalho mental – as sensações do abstracto.”
Perguntando qual o fim da arte, o sensacionismo constata que ele não pode ser a organização das sensações do exterior, porque esse é o fim da ciência; nem a organização das sensações vindas do interior, porque esse é o fim da filosofia; mas sim, portanto, a organização das sensações do abstracto” (Itálicos nossos). Diríamos, talvez, que se trata, não de um Stoffe der Begriffe, de um “estofo”, de “materiais conceptuais”, nas palavras de Nietzsche (Acerca da Verdade e a Mentira no Sentido Extramoral), mas de um “estofo de sensações” que já referimos acima. Digamos, por outras palavras, que se trata do tal estofo de sensações ou, se quisermos, de uma contextura de espaços e de tempos constituindo um mundo. Seria interessante estabelecer aqui um paralelismo e análise com as palavras de Buda, quando fala da “contemplação das sensações nas sensações” na “Atenção à respiração” (ânâpânasati). Mas esta proximidade será certamente mais notória em Caeiro, o seu Mestre[11].

9. Não é por acaso que Campos emprega frequentemente as palavras ‘abstracto’, ‘abstracção’, etc. Por exemplo, passo a citar: “Não. Cansaço porquê? É uma sensação abstracta da minha vida concreta.” Ou, por exemplo: “Tenho a boca seca, abstracta”[12]. Porque, apesar de tudo, escrever e descrever esses estados de coisas e estados de espírito permite uma compreensão e uma distância onde esses mesmos estados readquirem a sua sombra, um jogo de sombras e de luz, qualquer coisa de uma escrita de outra ordem, num imenso espaço-tempo poético onde, por exemplo, a
fábrica na Ode Triunfal ou os grandes espaços da Ode Marítima e de Sintra se tornam de certa maneira numa espécie de nova e outra caverna que já não a de Platão.






[1] Aliás, a estrutura deste estudo assenta fundamentalmente no da comunicação mencionada, sobre Álvaro de Campos. O Colóquio foi organizado pela Associação Cultural Alagamares e realizado na Biblioteca Municipal de Sintra (Casa Mantero), na sala Vergílio Ferreira (8 de Março de 2014), sobre “O Dia Triunfal” de Fernando Pessoa (8 de Março de 1914). Deixo aqui os meus agradecimentos a Renato Epifânio bem como à Alagamares pelo contributo especial que tiveram para a minha participação neste evento. Este texto encontra-se na sua versão inicial juntamente com o vídeo (Youtube) no blogue. http://escrita-fone.blogspot.pt/search?updated-max=2014-03-24T09:42:00-07:00&max-results=7&start=4&by-date=false
[2] Numa perspectiva radical e inquietante pode-se também falar de materialidade e corporalidade da escrita no conto de Kafka Na Colónia Penal. Não é verdade que, neste conto, ao prisioneiro, condenado, supliciado e sentenciado lhe cabe “ler-ver-sentir” - e talvez ouvir, como um eco de inscrição, como uma estranha voz ou grito - o que lhe é inscrito, gravado no corpo (“Respeita os teus superiores”)? Aqui, a máquina ou engrenagem torturante mais parece um estranho estirador, desenhador.
[3] Este “antes da escrita” tem outro registo possível no escrivão Bartleby no conto de Melville. Bartleby, apesar de ter escrito o que lhe competia até certo ponto, prefere não reler nem corrigir o que escreveu, enfim, não copiar, não obedecendo às indicações do “homem de leis” (expressão empregue por Agamben, vj bibliografia) à maneira de um poder que é o “poder não” do I would prefer not to (“preferiria não o fazer”; “preferiria de não”). Quer dizer, outro regime, também, de um estado de pré-escrita, apesar de já ter escrito. Portanto, pré-escrita ou ante-escrita no sentido da escrita a corrigir que o escrivão prefere não fazer, não escrever, não reler, copiar ou reescrever. Dir-se-ia que qualquer coisa ao nível da modernidade literária apela a uma reflexão sobre o antes de escrever, ou para um recuo ante o movimento ou acto de escrever e, correlativamente, de ler. Todavia, todo este processo implica ainda o começar a escrever e o acto de escrita na sua articulação com o começar a ler e o acto de ler. Por seu turno, Mallarmé chegou a falar da “página branca” (la page blanche). A questão do “fora do texto” remete também para célebre asserção de Derrida em De la Grammatologie, Minuit, p.227: “Il n’y a pas de hors- texte”. Tentaremos fazer o contraponto destas questões noutro lugar, embora esta nossa leitura seja num outro contexto que não o de Derrida.
[4] A propósito da eventual ‘secura’ que referimos, leia-se Alain Badiou: “Mas devemos ser sensíveis, na obra completa de Pessoa, a um materialismo poético bastante particular. Se bem que seja um grande mestre da imagem surpreendente, este poeta reconhece-se à primeira leitura numa espécie de nitidez quase seca do dizer poético. É, aliás, por isso, que ele consegue integrar na própria sedução poética, uma dose excepcional de abstracção.”
[5] Vj. a nossa entrevista a Eduardo Lourenço em http://youtu.be/ruCmouRIzFM
A propósito da eventual ‘secura’ que referimos, leia-se Alain Badiou no texto já mencionado: “Mas devemos ser sensíveis, na obra completa de Pessoa, a um materialismo poético bastante particular. Se bem que seja um grande mestre da imagem surpreendente, este poeta reconhece-se à primeira leitura numa espécie de nitidez quase seca do dizer poético. É, aliás, por isso, que ele consegue integrar na própria sedução poética, uma dose excepcional de abstracção.”
[6] Na passagem, avancemos a hipótese de um paralelo entre este entrar na “substância do mundo” e o “ser-no-mundo” em Heidegger, o Dasein, o “ser-aí” (ou “ser-o-aí”), a realidade humana enquanto “ser-lançado” (Geworfenheit; também correlativo de “abandono”, “derrelição”); assim também com o “dá-se” ou o “há” do  es gibt,  em  Heidegger (vj. Ser e Tempo, Sein und Zeit; Carta sobre o Humanismo, Brief Über den Humanismus). Por exemplo, leia-se este passo de Ser e Tempo: “O carácter ontológico do ser-aí, ainda que dissimulado na sua origem e no seu fim, resulta mais desvendado em si mesmo; este facto “que é”, chamar-lhe-emos derrelição deste ente no seu “aí”. Esta derrelição é tal que este ente é o seu “aí”, enquanto ser- no-mundo” (Pierre Trotignon, Heidegger).
[7] Não haverá algo de análogo, num jogo de distância e proximidade, na “aura” de que nos fala Walter Benjamin? Aqui, parece que o jogo temporal de distância e proximidade que encontramos em Agamben adquire ressonâncias com a distância e proximidade espaciais quando podemos ler, por exemplo: “Definimos esta última [conceito de aura para objectos naturais] como manifestação única de uma lonjura, por muito próxima que esteja. Numa tarde de Verão descansando, seguir uma cordilheira no horizonte, ou um ramo que lança a sombra sobre aquele que descansa – é isso a aura destes montes, a respiração deste ramo” (Walter Benjamin, A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica).
[8] Sobre a velocidade, a instantaneidade e a dromologia em relação ao tempo e à questão da técnica vj. p.ex. alguns textos de Paul Virilio, entre outros o seu livro A velocidade de Libertação.
[9] A propósito do “antes da escrita” ver nota de rodapé ‘2’.
[10] A respeito deste ponto vj. nota de rodapé ‘6’.
[11] “E quando o monge, ao inspirar e expirar, se exercita sentindo gozo, e se exercita sentindo felicidade, e se exercita percebendo a actividade da mente, e se exercita acalmando a actividade da mente, ao exercitar-se deste modo cultiva a contemplação das sensações nas sensações” (Nyânatiloka Mahâthera, La Palabra del Buda).
[12] Citemos o poema: “Quero acabar entre rosas, porque as amei na infância./Os crisântemos de depois, desfolhei-os a frio./Falem pouco, devagar,/Que eu não oiça, sobretudo com o pensamento./O que quis? Tenho as mãos vazias,/Crispadas flebilmente sobre a colcha longínqua.
O que pensei? Tenho a boca seca, abstracta./O que vivi? Era tão bom dormir!”




Referências bibliográficas:
I
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Fernando Pessoa, Odes de Ricardo Reis, Introdução, organização e bibliografia de António Quadros, Europa-América, 1986.
Fernando Pessoa, Obra em Prosa, Páginas sobre Literatura e Estética, org. António Quadros, Europa-América, 1986.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, por Bernardo Soares, recolha e transcrição Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha, prefácio e org. Jacinto do Prado Coelho, Ática, 1982.
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II
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Eduardo Lourenço, Pessoa Revisitado, Lisboa, Gradiva, 2003.
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Giorgio Agamben, Qu’est-ce que le contemporain?, trad. Maxime Rovere, Rivages, 2008.
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Nyânatiloka Mahâthera, La Palabra del Buda, trad. Amadeo Solé-Leris, Barcelona, Ediciones Indigo, 1991.
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Pierre Trotignon, Heidegger, trad. Armindo José Rodrigues, Lisboa, Ed.70, 1982.
Stéphane Mallarmé, Igitur, Divagations, Un coup de dés, Gallimard, 1991.
Teixeira de Pascoaes, Antologia Poética, Guimarães Ed. Selecção de Francisco da Cunha Leão e Alexandre O’Neill, 1962.
Walter Benjamin, Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, trad. Maria Luz Moita, Maria Amélia Cruz e Manuel Alberto, Prefácio de T.W. Adorno, Relógio D’Água Editores, 1992.




Luís Tavares, “Escrever, descrever e sensações em Álvaro de Campos”, in Revista Nova Águia, nº14, 2º semestre, 2014, pp. 152-159, Zéfiro.






Apenas uma pequena rectificação que gostaríamos de não deixar em branco. O nome do autor da fotografia (“Plano Geral do Congresso”) que consta na página 150 e na capa da Revista Nova Águia nº 14 é “Luís Tavares”. Fazemos esta observação uma vez que foi mencionado outro nome. Assim, achámos por bem e de nossa justiça chamar a atenção para este lapso.



Luís Barreiros Tavares 

Índice da Revista Nova Águia 14

http://novaaguia.blogspot.pt/2014/09/15-de-outubro-4-aniversario-do-mil.html  





Retrato de Fernando Pessoa (2010) - pincel e tinta da china em papel Canson Ingres Vidalon.
Desenho oferecido a Eduardo Lourenço no dia em que lhe foi atribuído o "Prémio Pessoa 2011". Simplesmente, e só por curiosidade, a oferta foi feita (entregue na Gulbenkian) poucas horas antes de termos conhecimento pessoal da atribuição e antes do anúncio  público da mesma.



NOVA ÁGUIA Nº 14: ÍNDICE

Editorial…5
NOS 80 ANOS DA MENSAGEM NOS 8 SÉCULOS DA LÍNGUA PORTUGUESAAbel de Lacerda Botelho, COMO CAMÕES APRESENTA THÉTYS A EL-REI D. SEBASTIÃO…8
António Cândido Franco, A MENSAGEM EM LIVRO DE BOLSO…11
Carlos Aurélio, LUSITANOS, PORTUGUESES E LUSÍADAS…13
Delmar Domingos de Carvalho, MENSAGEM, QUINTO IMPÉRIO, PORTUGAL E LUSOFONIA…23
Duarte Ivo Cruz, REFLEXÕES SOBRE A MENSAGEM E O MARINHEIRO DE FERNANDO PESSOA…28
Elisabete Correia Campos Francisco, PESSOA E A “HORA” DE PORTUGAL…36
Erivelto da Rocha Carvalho, A IMAGEM DE PORTUGAL EM PESSOA E UNAMUNO…38
José Almeida, O COMBATE CULTURAL NO SÉCULO XXI: FERNANDO PESSOA E A NOVA KULTURKAMPF…42
José Leitão, EXALTAÇÃO E CRÍTICA DA MENSAGEM…49
Maria Luísa de Castro Soares, O PODER DA LÍNGUA E DA LITERATURA…51
Miguel Real, UMA VISÃO MÍTICA DA HISTÓRIA DE Portugal…60
Pedro Teixeira da Mota, DO GRAAL DA MENSAGEM…63
Rui Martins, PARA UMA LEITURA ADEQUADA DA MENSAGEM E DOS POEMAS SIMBOLISTAS DE FERNANDO PESSOA…65
Renato Epifânio, A MENSAGEM: ENTRE FERNANDO PESSOA E AGOSTINHO DA SILVA…66
Octávio dos Santos, A MINHA PÁTRIA JÁ NÃO É A LÍNGUA PORTUGUESA…71
Marisa das Neves Henriques, FRANQUEAR O SILÊNCIO OU DA NATURALIDADE DE FILOSOFAR EM PORTUGUÊS…75
Maria Leonor L.O. Xavier, QUEM TEM MEDO DA LUSOFONIA?...78
Maria José Maya, COMEMORAÇÕES DOS 8 SÉCULOS DA LÍNGUA PORTUGUESA…82
Joaquim Miguel Patrício, DIZER NÃO AO COMPLEXO DE INFERIORIDADE LINGUÍSTICO…88
J. A. Alves Ambrósio, E VIVA ANGOLA…94
Fernando Dacosta, RUMOR DE FLORESTAS E MARES…103
II CONGRESSO DA CIDADANIA LUSÓFONA: QUE PRIORIDADES NA COOPERAÇÃO LUSÓFONA?
INTERVENÇÕES DOS REPRESENTANTES DAS VÁRIAS ASSOCIAÇÕES LUSÓFONAS DA
SOCIEDADE CIVIL
ANGOLA Liga Africana: Victor Fortes…108
BRASIL Casa Agostinho da Silva e Instituto Mukharajj Brasilan: Lúcia Helena Alves de Sá e Loryel Rocha…109
CABO VERDE Organização de Técnicos e Quadros Cabo-Verdianos: Alberto Rui Machado…117
GALIZA Associação Pró-Academia Galega de Língua Portuguesa e Fundação Meendinho: Maria Dovigo e Alexandre Banhos Campo…122
GUINÉ-BISSAU Associação Balodiren: Djarga Seidi…127
MACAU Instituto Internacional de Macau: Jorge Rangel…128
MALACA Associação Coração de Malaca: Luísa Timóteo…133
MOÇAMBIQUE Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora: Delmar Maia Gonçalves…134
PORTUGAL Associação Mares Navegados: Amândio Silva…136
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE União Nacional de Escritores e Artistas São-Tomenses: Mário Lopes…139
TIMOR-LESTE Associação Timorense: Sebastião Guterres…140
DISCURSO DE ACEITAÇÃO DO PRÉMIO MIL PERSONALIDADE LUSÓFONA 2013, por Ângelo Cristóvão…142
BALANÇO DO II CONGRESSO DA CIDADANIA LUSÓFONA & MENSAGEM FINAL, por Garcia Leandro…147
EVO(O)CAÇÕES
ÁLVARO DE CAMPOS, por Luís Tavares…152
DELFIM SANTOS E SANT’ANNA
DIONÍSIO, por António Aresta…159
FREI MANUEL DO CENÁCULO, por Maria de Lourdes Sirgado Ganho…167
GLÓRIA DE SANT’ANNA, por Victor Oliveira Mateus…169
JOSÉ MEDEIROS FERREIRA, por Cristóvão de Aguiar…172
MARIA HELENA VARELA, por Samuel Dimas…179
PAULINO ANTÓNIO CABRAL, por António José Queiroz…184
RUI DE NORONHA, por António Braz Teixeira…186
SPÍNOLA E VASCO GRAÇA MOURA, por Renato Epifânio…188
SUASSUNA, por José Almeida…190
OUTROS VOOS
Adriano Moreira, DESAFIOS DE PORTUGAL: A IDENTIDADE NACIONAL…194
André Estrela Rodrigues de Soure Dores, REDE MUSEOLÓGICA DE CASAS HISTÓRICAS DA CPLP…198
Elter Manuel Carlos, NA FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA DO CABO-VERDIANO…201
João Pereira de Matos, CRÓNICA DE UM VAGABUNDO…207
José Lança-Coelho, A ALEMANHA E AS DUAS GUERRAS MUNDIAIS…209
José Maurício de Carvalho, POLÍTICA E TOLERÂNCIA…212
Luís Lóia, FERNANDO PESSOA E A EPISTEMOLOGIA…219
Manuel Ferreira Patrício, TESTEMUNHO…224
Maria João Carvalho, POEMA VIII D´O GUARDADOR DE REBANHOS…226
Nuno Sotto Mayor Ferrão, A I GUERRA MUNDIAL NA IMPRENSA PORTUGUESA E NA REVISTA ‘A ÁGUIA’…231
Rodrigo Sobral Cunha, LUSOTROPIA…238
RUBRICAS
ENTRECAMPOS, de Pinharanda Gomes…240
AS IDEIAS PORTUGUESAS DE GEORGE TILL, de Jorge Telles de Menezes…242
REGISTOS, de Eduardo Aroso…243
DO ESPÍRITO DOS LUGARES, de Manuel J. Gandra…244
CARTAS SEM RESPOSTA, de João Bigotte Chorão…253
BIBLIÁGUIO
MISIÓN DE LA UNIVERSIDAD, por Mauro Sérgio de Carvalho Tomaz e José Maurício de Carvalho…256
PORTUGAL NA QUEDA DA EUROPA, por Maria Leonor Xavier…258
O PENSAMENTO PORTUGUÊS EM MACAU, por Carlos Morais José…259
OS FILHOS ESQUECIDOS DO IMPÉRIO, por Maria de Deus Manso…261
JOSÉ CAMPOS E SOUSA CANTA RODRIGO EMÍLIO, por José Almeida…262
IDEIAS E PERCURSOS DAS DIREITAS PORTUGUESAS, por Renato Epifânio…263
EXTRAVOO
MAR PORTUGUEZ: CERTIDÃO DE NASCIMENTO MUSICAL, EM EVOCAÇÃO ÉPICA, por Manuel Ferreira Patrício…266
POEMÁGUIO
Joaquim Carvalho, SONHO/ REALIDADE…6
Maria Luísa Francisco, PÁTRIA LÍNGUA…7
João Rasteiro, BICARBONATO DE SODA…7
Irene Galanou, ASTIANAX…106
António José Borges, NOITE NA TERRA NESTE PAÍS…106
Arthur Grupillo, O HOMEM SOL,,,107
Jaime Otelo, DEPOIS DO ÉDEN SONETO 508…193
Jesus Carlos, BARCELONA…239
Delmar Maia Gonçalves, MÃE…239
Lázaro Kondjasili, A INFÂNCIA QUE FOI MINHA…254
Maria Dovigo, NATUREZA DO TRÂNSITO…255
Susana Bravo, ESCREVENDO…255
Manuel Madeira, ENSAIO SOBRE A LINGUAGEM…264
Sônia Azevedo, VAIVÉM DA VIDA…265
Manoel Tavares Rodrigues-Leal, PENÉLOPE…265
MAPIÁGUIO…271
COLECÇÃO NOVA ÁGUIA…271
ASSINATURAS…272


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