segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Poemas da década de 60 - Manoel Tavares Rodrigues-Leal








O tempo permanece
Lúcido
Apesar do silêncio frio
Violar o rosto
Da cidade

Lx.30/3/966

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Não chamo
a madrugada
e a palidez
nascida carne

invento-as
com a poesia esmagada
pela febre
do meu grito
nas ruas
de silêncio obrigatório

Lx. 30/3/966

-

A tarde de hoje
Não se redime

Afogou
Esculpido silêncio
De gargantas
Sem vozes

A tarde morre
Sem dedos
Que a perdurem
Apenas equacionada
Com lábios de sangue
E destroços
De homens desenhados
Pela luxúria do crime

E a tarde permanece
Não se redime

Lx. 7/1/966

-

Posse

Hoje deixa-me inventar
O silêncio dos teus silêncios
E o prazer que escorre dos teus dedos
E as madrugadas que concebeste
Hoje deixa-me inventar
O corpo de luar que me abriste
E a pergunta dos teus medos!

Hoje deixa-me inventar o Outono do teu sorriso triste!

Lx – 27/11/964

-

Surge em flor,
Em florescência carnal,
Ávida de amor
E amplexo sexual!

Estrofe de um poema (13/2/963 Lx.)

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Se amor é uma eterna
Pergunta sem resposta,
Se amor é uma serena
Hipnose para quem dele gosta,
Então, eu amo-te, mulher

Versos de um poema de 6/4/1960
Lisboa. O poeta tinha 18 anos quando escreveu estes versos.

Manoel Tavares Rodrigues-Leal



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