Leveza
Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.
E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.
E o que lembra,
ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.
E o desejo rápido
desse antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante
mais leve.
Cecília
Meireles, Antologia Poética, Lisboa, Rel. D’Água, 2002, p. 72.
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