quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Breve tributo a Miró - um texto escrito em 2006 - mas agora vem a propósito













A arte de Miró

Em Miró há uma ontologia dos sinais e dos signos. Nos seus quadros, os sinais são seres e estes seres estão repletos de sinaléticas. A palavra «ontologia» não está aqui com o peso do sentido filosófico. Mas no sentido duma onticidade pictórica. E, ao mesmo tempo há um lógos desses signos e desses seres. Os seres são sígnicos. A par da intensidade anímica dos signos e sinais há uma onticidade. Eles são. A maravilha daquelas linhas e cores terem graça - no sentido de estarem animadas - e serem. Estão vivos e portanto são. Há significação dos seres a par da sua sinalese. Assim a ontologia pictórica de Miró resulta deste duplo aspecto: a sinalese dos seres em interacção com a coisidade (onticidade) dos signos. Duplo aspecto estilhaçado em múltiplos: Nas constelações (que até deram nome a uma série de obras). A obra de Miró é um hino à vida. Tem o calor que muita arte de hoje já não tem.

18/12/2006

Imagem: pintura da série "Constelações"


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