O tempo
permanece
Lúcido
Apesar do
silêncio frio
Violar o
rosto
Da cidade
Lx.30/3/966
-
Não chamo
a madrugada
e a palidez
nascida
carne
invento-as
com a poesia
esmagada
pela febre
do meu grito
nas ruas
de silêncio obrigatório
Lx. 30/3/966
-
A tarde de
hoje
Não se
redime
Afogou
Esculpido silêncio
De gargantas
Sem vozes
A tarde
morre
Sem dedos
Que a
perdurem
Apenas equacionada
Com lábios
de sangue
E destroços
De homens
desenhados
Pela luxúria
do crime
E a tarde
permanece
Não se
redime
Lx. 7/1/966
-
Posse
Hoje
deixa-me inventar
O silêncio
dos teus silêncios
E o prazer que
escorre dos teus dedos
E as
madrugadas que concebeste
Hoje deixa-me
inventar
O corpo de
luar que me abriste
E a pergunta
dos teus medos!
Hoje
deixa-me inventar o Outono do teu sorriso triste!
Lx – 27/11/964
-
Surge em
flor,
Em florescência
carnal,
Ávida de
amor
E amplexo
sexual!
Estrofe de
um poema (13/2/963 Lx.)
-
Se amor é uma
eterna
Pergunta sem
resposta,
Se amor é
uma serena
Hipnose para
quem dele gosta,
Então, eu amo-te,
mulher
Versos de um poema
de 6/4/1960
Lisboa. O poeta tinha 18 anos quando escreveu estes versos.
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