domingo, 7 de julho de 2013
Poemas eróticos e pornográficos de Manoel Tavares Rodrigues-Leal
A uma prostituta do "Bolero" (histórico bar nocturno no Martim Moniz)
O que se imputa à puta,
de volátil vagina, é, deserto,
pura mentira de marés e bordéis.
E que ela se acoita quando chove aquela minúscula chuva,
embora não se aparte do fugaz falo e do coito,
côncava como é, varrida por essa minúscula chuva...
Mas há tanta gente aristocrática
com suas pagãs e pragmáticas práticas
de coito, e não só...
Eu, eu, não me refiro a isso, porque me fere.
Ouço cair a linda chuva, vejo a magia do sol. Depois, tudo se varre, se despe em pura realidade...
in Livro do Amador Nómada (?)
Lx.5-7-76
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No ventre das mulheres rosas rubras florescem:
é uma metamorfose antiquíssima e recente.
Ó sexo sagrado através do magma ócio ocioso que ousas.
Assim, forjas o alfabeto do silêncio: como os deuses te esquecem.
De um caderno sem título
Lx.9-11-74
Casa do Castelo - 12-8-75
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Do caderno "Apresentação de Paula"
Não querendo ferir susceptibilidades, um poema sexualmente forte e talvez pouco lírico de Manoel Tavares Rodrigues-Leal. Chamem-no lírico, romântico, barroco e trágico...
Mas há uns ainda mais fortes.
Meu caralho penetra as cascatas da tua cona.
Ah meu caralho resvalando na macia vagina, pura ravina.
Se te vens velozmente, renuncia, engravidas___ talvez...
E os pintelhos, tuas mamas apetecidas, meu caralho
metido na tua boca. Que prazer obsceno? E o orvalho
da tarde. Hoje ainda te como a cona. E à nona
vez, se puderes, se me amas, ama-me com múltiplas vidas.
Do caderno "Apresentação de Paula"
Lx. 14-6-76
Tu foste fodida com fervor e afinal fiquei eu fodido...
A trama que o amor ou mera carne febril transcende
o que se possa pensar ou morder...
Há toda uma grande intimidade que perdi. Acende-
-se. A tarde: fui fodido, agravado. E, gravemente, não sei se amar ou morrer
à mesa da tarde. Que tristeza, que poema, sem um substantivo lascivo, um cometa erótico.
Lx. 23-6-76
Rosas sob, de adolescente inocente, tornou-se mulher...
A primavera, talvez eu, violaram-te, pérola preciosa.
O que tu consentes, quando alimento dentes ébrios de desejo.
E há o retorno, o contorno, o teu continente, que é exacto e me apraz.
Seduzo-te através de efémero eros. E nunca meu gesto pousa, boca rente, e não suprema paz...
Lx.13-6-76
Comi-te, que bom,
no barco do meu quarto de Lisboa.
Esquecimento não, o oásis de um som...
Posse é o delírio de vero lírio,
brisa de bocas, um delíquio furtivo. Comi-te, que bom,
uma maravilha rara, grega ilha...
E tudo, além do casto holocausto, é mero dom.
Lx. 14-6-76
Mas aquilo.
Que não é mamilo, mas a mão trémula do instante.
Pousa o que não ousa, é nulo.
Vinho sobre a boca, centro é.
Do que é face de loucura. E a mim-mesmo, que ironia, me inauguro
Em plena inscrição. É possível um deus puro.
Lx.10-5-80
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És uma rapariga vegetal:
entre cigarros e carícias te inscreves, e dizes-me
suaves, côncavas palavras. É teu corpo,
arável, que eu percorro com revólver e quente ternura.
Quando madruga Julho, e a tua face se revela tão nua,
nua como um murmúrio. És memória, obra, infância tão feminina e pura...
Lx.4-7-77
Do caderno "Da distância de um corpo"
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