“Pensamento (dianoia) e discurso (logos) são a mesma coisa, salvo que o diálogo (diálogos) interior (entós) e em silêncio ( sem voz; aneu phonês) que a alma tem consigo mesma recebeu o nome especial de pensamento”
διάλoγoς ἂνευ φωνῆς (diálogos aneu phonês) - diálogo em silêncio ou sem voz.
Platão, O Sofista, 263 e
Este aneu phonês não é senão o eco do avesso. Quer dizer, o eco, o reflexo sonoro, também vocal, da voz exterior.
Diálogo (diá-logos) interior e em silêncio. É um eco, escuta da voz exterior. Daí o 'diá'; não só movimento de dois lados (duplo movimento), mas também o sentido dual. Escuta da voz exterior. Escuta enquanto fala com. Donde diá-logos.
Mas há inscrição. Inscrição nesse rebatimento.
O "diálogo interior e em silêncio que a alma tem consigo mesma" é um momento capital da separação-oposição alma/corpo. Mas foi necessário.
Mas esse momento, para se dar, num outro sentido não deu, ou, pelo menos, precisava não se dar conta, determinante, de que ele mesmo confundia alma e corpo.
Basta haver dois nomes (neste caso 'alma' e 'corpo') para haver separação entre eles. Todavia, isso supõe que, para surgirem como tais, é suposta uma confusão precisamente a evitar.
No Fedro de Platão, algures há uma referência à "escrita na alma" (logomenois (...) graphomenois en psykê): "Discursos (...) escritos na alma ..."
Veja-se Platão, Fedro, 277 e - 278 d.
Links sobre aneu phonês em bLogos:
Platon, Le Sophiste, trad. Auguste Diès, Paris, Les Belles Lettres, 1925.
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