L.B.T. : Trata-se de
uma generalização quando fala da noção de "predicativo" nos seus
textos sobre o "antepredicativo" em Parménides, uma vez que há várias
abordagens a partir daquela noção, como por exemplo, e sem entrar em detalhes:
as 10 categorias ou "predicamentos" (Aristóteles), os 4
"predicáveis" (Aristóteles), a escala "predicamental"
(árvore de Porfírio), etc., matérias e leituras que o Gabriel conhecerá
certamente melhor que eu?
J.T.S. : Esse é um
ponto debatível da minha proposta.
A opção pelo
par 'predicativo/antepredicativo' remete para a crítica de Heidegger à
interpretação corrente de Parménides, B3 (Intr. a la Metafísica, 176-181:
'ap' não aparece aí), mas outros termos poderiam servir. Por exemplo,
"não-predicativo" poderia ser usado para caracterizar um logos em
que "é" não desempenha a função de cópula.
As relações
com Aristóteles et al não ajudam a compreender onde quero chegar.
Obrigado
pela sua pergunta.
L.B.T. : É formidável
como geralmente responde logo passados alguns momentos. Já irei ler.
L.B.T. : Desculpe
talvez a ignorância, mas não percebo o está a negrito: "As relações com Aristóteles et al não ajudam a
compreender onde quero chegar."
Obrigado
J.T.S. : Et al é
a sigla para "e outros". Sobre 'antepredicatividade' é importante ler
Vom Wesen des Grundes (Questions I, 91-104).
L.B.T. : Ok
Obrigado
E "sobre a essência do fundamento"
J.T.S. : Cito a
partir da tradução francesa do texto de Heidegger (Gallimard), cujo título
me irrita.
L.B.T. : “Da essência do fundamento”?
J.T.S. : É o que quer
dizer Vom Wesen des Grundes, não? Ou conhece outra tradução?
L.B.T. : Exacto
Eu estou a
ver o Bayern e o Borussia, final da Champions (futebol). Para distrair
J.T.S. : OK! Boa
partida, espero.
25/05/2013
L.T.S. : De facto,
pela consulta ligeira que fiz ontem, na parte indicada sobre Parménides e fr 3 na
Introdução à Metafísica de Heidegger, não encontrei o termo
“antepredicativo”.
Também
verifiquei o título ser muito diferente no meu exemplar da Questions I
(Gallimard) com a tradução de Henry Corbin (que muito admiro, com seus estudos
do pensamento Sufi islâmico, primeiro tradutor de Heidegger em França) a Vom
Wesens des Grundes: Ce qui fait l’être-essentiel d’un fondement de
«raison».
Afinal
conheço outra tradução. Tenho a do Artur Morão que foi meu professor na
Católica, Ed.70: A Essência do Fundamento. Mas praticamente não conheço
este texto. Qual o
melhor título, qual o pior?... Vou consultar o livro…
Mas já
agora, o termo predicamento (praedicamentum), de raiz latina,
correlativo de “Categoria” (Kategoria no Grego), remete semanticamente
para praedicare e praedicatum significando respectivamente
“pré-dizer”, “o que se pré-diz”, ou mais simplesmente “o que se diz (pré-diz)
de”. Aliás, parece-me fazer aqui sentido o célebre Legein ti kata tinos de
Aristóteles.
Ora, retomo
a questão, não compreendo porque é que "As relações com Aristóteles et
al não ajudam a compreender onde quero chegar", quando as
referências que fiz com estes autores mencionam termos com familiaridades
semânticas, se assim posso dizer, ao “predicativo”: “predicamento”,
“predicável” e “predicamental”…
26/05/2013
-
J.T.S. : A partir de
Aristóteles, generalizou-se o uso do termo 'predicado'. Em De int. 6,17a-25-26,
Ar. define 'afirmação' e 'negação' a partir da noção de que um 'enunciado' é
uma expressão constituída por um predicado de aridade 2 ("x é y":
3,16b20-25; v. legein ti kata tinos). Já Platão tinha referido no Sofista
261-263 que um enunciado "afirma ou nega", "entrelaçando um
nome e um verbo". Este "entrelaçamento" (em Ar.,
"conjunção", ou "composição": De int. 5,17a9-10,
passim), "relacionando" duas entidades, é aquilo a que eu
chamo "contexto predicativo" de um enunciado. No contexto
antepredicativo, o verbo "não entrelaça" duas entidades, não
desempenhando a função de 'cópula'.
Como pode
ver, trazer Ar. para este domínio só complica, porque - em função do sustentado
acima - o 'ap' é para ele impensável.
26/05/2013
-
Sem comentários:
Enviar um comentário