Labirinto
«Zeus não poderia desatar as redes
de
pedra que me me cercam. Olvidei
os
homens que antes fui; sigo o odiado
caminho
de monótonas paredes
que
é o meu destino. Rectas galerias
que
se curvam em círculos secretos
ao
cabo de anos. Parapeitos
que
havia gretado a usura dos dias.
No
pálido pó decifrei
rastros
que temo. O ar me trouxe
nas
concavas tardes um bramido
ou
o eco de um bramido desolado.
Sei
que na sombra há Outro, cuja sorte
é
fatigar as vastas solidões
que
tecem e destecem este Hades
e
ansiar meu sangue e devorar a minha morte.
Um
ao outro nos buscamos. Oxalá fosse
este
o último dia da espera.»
Jorge
Luis Borges, Antologia Poética (1923 / 1977), Madrid, Alianza / Emecé, 1986, p.
91.
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